Edifícios & LIBERTAÇÃO DE ENERGIA PARA A REDE DE TRANSPORTES ELÉTRICA DO FUTURO

Libertar energia para os transportes elécricosParece não haver grande relação entre os consumos elétricos das nossas casas, escolas, hospitais e outros edifícios e o desenvolvimento da futura rede de transportes elétrica. Mas há uma relação estratégica, que há que explorar. É algo que afeta profundamente o nosso futuro ambiental e o nosso futuro como espécie.

A relação é simples e pode ser expressa da seguinte forma: temos que reduzir o consumo elétrico das nossas casas e outros edifícios, de modo a transferir electricidade para a rede elétrica de veículos, substituindo a gasolina (e no caso brasileiro, a mais longo prazo, o etanol).

Por outras palavras, não poderá haver pleno desenvolvimento da rede elétrica de veículos sem alterações nos consumos elétricos dos edifícios e uma política de edifícios energia zero, aliás prevista para Portugal (e demais países da União Europeia), a partir de 2018/20, por via do projeto Edifícios de Energia Quase Zero da UE.

Estratégia de Transferência

É a estratégia mais simples e racional, por diversas razões:

1) Os nossos edifícios são os grandes consumidores de eletricidade e gás a nível mundial. É possível reduzir os consumos elétricos nas nossas habitações e outros edifícios por via da eficiência energética. Essa redução pode atingir, em alguns países e climas, níveis de 80% em novos edifícios e 50% em boa parte dos edifícios existentes.

2) Não devemos ou podemos aumentar ainda mais os consumos elétricos; a ideia de eletricidade solar ou eólica abundante e grátis é pura fantasia. Certas formas de energia renováveis são já competitivas com a eletricidade de origem fóssil, mas temos que as utilizar criteriosamente.

É mais fácil e barato reduzir os nossos consumos elétricos, do que preenchê-los por via de eletricidade proveniente das renováveis. É uma regra que não podemos esquecer e que não será alterada pela abaixamento dos custos de produção da eletricidade limpa. A forma mais barata de eletricidade resulta de poupanças de energia, e a grande área de  poupanças é-nos dada pelos edifícios.

3) Temos que alocar de forma estratégica os nossos consumos energéticos com o cenário mais que provável da ascenção da produção de energia limpa de origem solar, eólica ou outras, e com o aumento do consumo de eletricidade no setor de transportes. E a melhor forma de o fazer é a referida anteriormente: substituir progressivamente a eletricidade de origem fóssil por energia renovável, diminuir consumos elétricos por via da eficiência, nomeadamente nos nossos edifícios, e transferir as poupanças de eletricidade nos edifícios para os outros setores, nomeadamente os transportes.

libertar energia dos edifícios para os transportes

Mais infográficos como o anterior: Infográficos

O caso português e brasileiro

Os cenários estratégicos referidos acima são particularmente válidos para países desenvolvidos com climas frios, ou países como os Estados Unidos, de climas mistos e com edifícios com altíssimo consumo energético.

A sua importância surge mais esbatida em casos como o português ou a brasileiro em que o consumo de energia por habitante é uma pequena fração do dos EUA, Canadá ou outros países (Tep per capita: Brasil: 1; Portugal: 2,3; USA: 7,8, Canada: 9,6, fonte: IEA).

Mas não deixa de ser válido e pertinente, como mostra a recente evolução dos consumos energéticos em Portugal e Brasil. Sem adequadas políticas a nível da eficiência energética dos edifícios, e sem uma instalação alargada de painéis solares a nível dos edifícios, o consumo de eletricidade tenderá a subir fortemente.

Qualquer aproximação aos padrões dos países nórdicos será extremamente negativo sob o ponto de vista energético e ambiental. E o único modo de o evitar, e de abastecer a futura rede elétrica de veículos, é a via referida acima, de redução (e contenção) do consumo energético nos edifícios. Nesta perspetiva a nossa situação não é muito diferente da Norte-Americana ou dos países do Norte da Europa.

 

 

 

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